Terra de suspiro breve
          ganha braços infinitos
          que apertam dum jeito leve
          quem lhe respira o ar.
          A palavra que a descreve é doce:
          amora madura na berma do caminho.
          E o ramo despenteado do plátano
          que se agita como crina branca
          é só miragem que se move longe
          no traço firme da paisagem.
           
          Esta terra a respirar
          de ramos erguidos no ar,
          agita-se a recompor o folhedo
          quando suspira em impulso breve
          e volta tudo ao seu lugar.
          Tudo se move neste desassossego intemporal
          e nos escapa dos dedos:
          porosa e mansa brisa
          que leva no colo
          um regaço de segredos.
           
           
           
          As caudas dos pardais a serenar
          anunciam o preciso instante
          em que o vento corre noutra direção:
          os ramos poisam, a terra acalma
          e recomeça a suspiração.
           
Commenting expired for this item.
No comments