Essa era a casa
          e aquela era a janela
          onde eu sonhava
          um mundo fora dela.
           
          No parapeito, onde me debruçava
          sobre o que viria, rompi
          os cotovelos e os sonhos
          que o tempo prometia.
           
          E dessa minha rua
          onde nada acontecia
          alongava o olhar às copas dos plátanos
          sempre com um pensamento a baloiçar.
           
          Ao longe, muito ao longe,
          o sombreado da serra
          quando, dissipada a bruma,
          o Marão se deixava adivinhar.
           
          Naqueles dias lisos
          era a inquietude que chegava
          num tempo de bola de cristal cega
          que nada anunciava.
           
          Nessa esquina da casa
          da minha infância alada
          havia um nó inocente atado
          a um tempo, nesse tempo lá passado,
          de que só restam penas duma asa.
           
           
           
           
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